Carvalho, E.
(2022).
A abordagem ecológica das habilidades e a epistemologia dos eixos.
Epistemologia dos eixos: interpretações e debates sobre as (in)certezas de Wittgenstein. , Porto Alegre: Editora Fênix
AbstractNeste texto, discuto a interpretação defendida por Moyal-Sharrock, segundo a qual as proposições eixo são maneiras de agir com o objetivo de oferecer uma proposta sobre como compreendê-las. Sustento que a posição de Moyal-Sharrock deixa algumas lacunas, porque não explica a origem das nossas certezas fundamentais. A sua leitura também carece de recursos para responder ao problema da demarcação, uma vez que não é claro como distinguir maneiras de agir que podem legitimamente cumprir o papel de fundamento não fundamentado das que não podem. Sem uma resposta para esse problema, a ameaça relativista é séria. Proponho, então, que as proposições eixo são maneiras de agir constitutivas de habilidades. Desenvolvo também uma abordagem ecológica das habilidades, a qual me possibilita explicar por que habilidades são embebidas-de-realidade e, por conseguinte, por que as maneiras de agir que as constituem são fundamentos não fundamentados legítimos. Com base nessa abordagem, ofereço uma resposta para o problema da demarcação que afasta a ameaça relativista.
Carvalho, E. M.
(2022).
Epistemologia da Percepção.
Compêndio de Epistemologia . , Porto Alegre: Editora Fi
AbstractTomamos como certo que os nossos sentidos nos colocam em contato com o ambiente ao nosso redor. Enquanto caminhamos em uma rua, vemos obstáculos que temos de contornar ou remover. Mesmo de costas, podemos ouvir a bicicleta que se aproxima e dar passagem. Em suma, por meio de experiências perceptivas (visuais, auditivas, olfativas etc.), ficamos conscientes de objetos ou eventos que estejam ocorrendo ao nosso redor. Além disso, com base no que percebemos, podemos formar e manter crenças acerca do ambiente e, assim, adquirir conhecimento perceptivo acerca do mundo. A importância desse conhecimento acerca do que está ao nosso alcance perceptivo é inestimável para a nossa sobrevivência e a condução de nossos projetos cotidianos. Contudo, podemos querer saber (1) se de fato temos acesso ao mundo físico circundante por meio das nossas experiências perceptivas, e (2) se e como essas experiências justificam as nossas crenças acerca do que percebemos. Esses problemas são centrais para a epistemologia da percepção, embora não sejam os únicos. Nessa entrada, abordaremos esses dois problemas.
Carvalho, E. M.
(2022).
Ética da Crença.
Compêndio de Epistemologia . , Porto Alegre: Editora Fi
AbstractHá pelo menos três modos pelos quais o debate sobre a conduta doxástica se relaciona com a ética. O primeiro e menos contencioso assinala que o ato de crer, analogamente às ações morais, responde a um tipo de normatividade, não necessariamente moral. Por exemplo, as normas para o ato de crer podem ser puramente epistêmicas. Nesse caso, essas normas diriam respeito a como o agente deve visar ou buscar a verdade. O segundo modo como o debate da ética da crença se relaciona com a ética diz respeito à fundamentação das normas para crer. A ideia é que a adoção dessas normas se fundamenta com base em razões morais e sociais. Por fim, o modo mais substancial consiste em sustentar que o ato de crer, ao menos em alguns casos, é em parte um fenômeno essencialmente moral e que, portanto, razões morais incidem diretamente sobre a legitimidade da crença. Por razões morais, alguém poderia ser recriminado por sustentar uma crença ainda que tivesse evidência favorável para ela. Neste verbete, tangenciando o clássico debate entre Clifford e William James e reações mais contemporâneas ao debate, apresentaremos e discutiremos cada um desses aspectos da ética da crença.
Carvalho, E. M.
(2022).
Psicologia Ecológica: da percepção à cognição social.
Escritos de Filosofia V: Linguagem e Cognição. , Porto Alegre: Editora Fi
AbstractTexto introdutório à abordagem ecológica da percepção que será publicado na coletânea Escritos de Filosofia V: Linguagem e Cognição, Grupo Linguagem e Cognição (UFAL/CNPq).
Neste texto, apresento e examino as principais ideias que animam a abordagem ecológica da percepção. Primeiro, na Seção 2, apresento a visão instantânea da percepção, contra a qual Gibson articula e propõe a abordagem ecológica. Em seguida, não Seção 3, apresento e discuto a noção de informação ecológica. Nas seções 4 e 5 articulo a teoria das affordances e discuto a aprendizagem perceptiva. Por fim, na Seção 6, exponho e discuto a possibilidade de estender a teoria das affordances para explicar a cognição social.