justification

Showing results in 'Publications'. Show all posts
Carvalho, E. M. (Forthcoming).  Uma abordagem enativa do papel de justificação da experiência perceptiva. Filosofia na UFRGS. Abstract

O debate acerca de qual é a natureza do conteúdo da experiência perceptiva ganhou novos contornos nas últimas décadas ao se introduzir a questão de se este conteúdo é conceitual ou não conceitual.1 Essa questão metafísica acerca da natureza da percepção é geralmente pressionada por uma outra de índole epistêmica: como a experiência perceptiva pode justificar crenças acerca do nosso entorno? John McDowell sustenta que, se a experiência já não tem um conteúdo conceitual de modo a apresentar o mundo como sendo de uma determinada maneira, acarretando assim um elo comum entre percepção e pensamento, então é difícil ver como a experiência poderia justificar uma crença,2 especialmente se entendemos a justificação em termos internalistas, como faz McDowell. Contrapondo-se a essa posição, Athanassios Raftopoulos alega que se a experiência perceptiva envolve conceitos intrinsecamente e, portanto, é penetrada cognitivamente, então a experiência não é independente das nossas crenças de fundo e, desse modo, não pode funcionar como um tribunal neutro de justificação,3 pois o apoio evidencial fornecido pela experiência é circular e epistemologicamente viciado.4
Neste texto, eu defendo uma explicação de como a experiência perceptiva mantém uma relação racional com o pensamento empírico. Na primeira parte, vou elaborar duas teses que são centrais para explicar o papel de justificação da experiência perceptiva segundo uma perspectiva minimamente internalista, a saber, a tese do conteúdo comum entre a percepção e a crença e a tese da independência da percepção em relação à crença. Indicarei as dificuldades que estão envolvidas na tentativa de conciliar essas teses. A primeira parece requerer o conceitualismo de conteúdo, enquanto a segunda parece implicar sua rejeição. Apesar de declarações em contrário, eu argumento que McDowell falha em fazer justiça à segunda tese em Mind and World. Na segunda parte, apoiado na teoria enativa da percepção, de Alva Noë, defendo uma leitura menos intelectualista da primeira tese, descomprometida com o conceitualismo de conteúdo, e mostro como ela pode ser conciliada com a segunda. Finalmente, explico como atos perceptivos que nos dão acesso direto a objetos podem coagir racionalmente o pensamento empírico acerca do mundo circundante. Essa explicação pretende fazer justiça a um internalismo que qualifico como mínimo.

Carvalho, E. (2016).  An actionist approach to the justificational role of perceptual experience. Revista Portuguesa de Filosofia. 72((2-3)), 545-572. AbstractWebsite

In this paper, I defend an account of how perceptual experience can bear rational relation to our empirical thought. In the first part, I elaborate two claims that are central for the justificational role of perceptual experience, namely, the claim that perception and belief share the same kind of content, and the claim that perception is independent from belief. At first sight, these claims seems not to be compatible, since the first one seems to require the truth of content conceptualism, while the second one seems to require its falsity. In the second part, based on Alva Noë's actionist theory of perception, I argue in favor of a less intellectualist interpretation of the first claim, uncommitted to content conceptualism, and then I show how it can be reconciled with the second claim. Finally, I explain how perception holds rational relationships with our empirical thought through the exercise of observational concepts. These concepts link what I propose to call ‘space of actions’ to the logical space of reasons.