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2025
Levy, L.  2025.  {Nota sobre a dúvida do sonho na Primeira Meditação}. Diálogos cartesianos: estudos em celebração a Ethel Menezes Rocha. (de Abreu, Andrea Alves, de Oliveira, Fellipe Pinheiro, Guerrero, Markos Klemz, Pinto, João Vitor Volk Ferreira, Soares, Francisco, Eds.).:81–101., Pelotas: NEPFIL Online Abstract

Este artigo dialoga com a interpretação de Ethel Rocha (2016) acerca do escopo do método da dúvida cartesiana na Primeira Meditação, em especial no que tange à hipótese do sonho. Rocha sustenta que a dúvida de Descartes visa refutar o modelo escolástico de racionalidade — alicerçado na experiência sensível —, sem pôr em dúvida seu próprio paradigma racionalista. Para ela, a hipótese do sonho seria suficiente para abalar o princípio aristotélico-escolástico de que "não há nada no intelecto que não tenha antes passado pelos sentidos" (nihil est in intellectu quod non prius fuerit in sensu). Ampliando essa leitura, este estudo introduz no debate a teoria dos sentidos internos, tal como elaborada na recepção da psicologia aristotélica desde Avicena e assimilada pela escolástica tardia. Defendo que essa teoria confere maior robustez à tese de Rocha — de que Descartes busca persuadir um leitor versado na filosofia das Escolas —, ao demonstrar como o argumento do sonho visa especificamente processos dos sentidos internos, centrais à epistemologia escolástica. Contudo, a incorporação desse marco teórico revela duas divergências interpretativas: a dúvida do sonho deixaria intocado o valor epistêmico dos dados sensoriais originários dos sentidos externos; e, consequentemente, a confiabilidade desses dados deve ser questionada pelas razões metafísicas de duvidar.

2024
Levy, L.  2024.  {Coisa e subjetividade na Ética de Espinosa}. Filosofia na UFRGS. Textos escolhidos. (Zanuzzi, Inara, Klaudat, André, Levy, Lia, Eds.).:103–123., Pelotas: NEPFIL / Ed. UFPel Abstract

Em “Coisa e subjetividade na Ética de Espinosa”, Lia Levy destaca as equivalências entre o modo como o conceito de conatus resolve, na Ética, o problema da unidade modal complexa, ao tornar consistente o conceito de coisa singular – na medida em que esta deve ser considerada como sujeito legítimo de atribuição de estados – e o modo como esse mesmo conceito desenha a relação cognitiva da mente consigo mesma, relação pela qual a mente se apreende como sujeito de seus estados e que caracteriza a noção moderna de subjetividade. Assim, ao lançar luz sobre esse aspecto do conceito espinosista de coisa singular, a autora sustenta que também se compreende, indiretamente, uma das condições pelas quais as coisas podem, na doutrina espinosista, tornar-se objetos ou signos para o conhecimento humano.

Zanuzzi, I, Klaudat A, Levy L.  2024.  {Filosofia na UFRGS. Textos escolhidos}. , Pelotas: NEPFIL / Ed. UFPel AbstractLink para acesso gratuito

Este volume foi originalmente proposto com duas finalidade em vista. A primeira era proporcionar uma amostra da Filosofia produzida no Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPG-FIL) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ao longo das últimas décadas. A segunda era a de tornar acessíveis artigos que não se encontram facilmente disponíveis, por terem sido publicados em coletâneas esgotadas, em língua estrangeira ou em revistas de pouca circulação. Quando começamos a reunir os textos, percebemos que a primeira finalidade iria requerer certa flexibilidade na realização da segunda. Assim, com objetivo de apresentar um conjunto de textos que representem a produção de pesquisadoras e pesquisadores do nosso programa, decidimos coletar também textos inéditos. Acreditamos que a coletânea “Filosofia na UFRGS” permite formar uma ideia bastante precisa sobre a pesquisa e o trabalho desenvolvidos no PPGFIL. É difícil, entretanto, associar a este elenco de trabalhos caracterizações que especifiquem conjuntamente aquilo que os reúne. Há uma vasta gama de períodos, temáticas e modos de investigação filosófica postos em relevo nos capítulos aqui reunidos. Por isso, o melhor que esses organizadores podem fazer é apresentar no que segue um pequeno resumo de cada um dos textos. É possível observar, entretanto, como uma grande síntese do volume, que se trata de uma amostra de investigações que têm por objeto grandes marcos que formam a história da filosofia, seja em termos dos nomes seja em termos das questões, problemas e conceitos que a compõem.

2023
Levy, L, Araújo C, Rocha E, Klemz M, Almeida F.  2023.  Substância na História da Filosofia. , Pelotas: NEPFil/EdUFPEL AbstractLink para acesso gratuito

Se a história da Metafísica é marcada por grandes transformações e mesmo reivindicações de revoluções ou revisões radicais de seus conceitos, foi em torno da noção de substância que essas mudanças muitas vezes se estabeleceram. Esperamos esclarecer a leitoras e leitores quais podem ser as marcas características da substância e por que filósofas e filósofos disputam tanto essa definição. Para explicar essa divergência, oferecemos uma apresentação organizada historicamente, mas focada nos elementos conceituais em jogo. Com efeito, não se tratará aqui de fixar datas, obras, nomes; mas antes de elaborar certas perspectivas que permitam balizar o percurso do pensamento até chegar a esta nossa época da qual, de tão perto que estamos dela, ainda não podemos oferecer uma caracterização precisa. Se selecionar e fixar marcos históricos será sempre uma tarefa eminentemente polêmica, leitoras e leitores da presente coletânea certamente perceberão que, a julgar pelas referências aqui privilegiadas, restam poucas dúvidas quanto às principais etapas da trajetória do conceito.

2022
Levy, L.  2022.  'Ab placito humanum' and the Normativity of Human Laws in the Theological-Political Treatise. Journal of Spinoza Studies. 1(1):62-81. AbstractLink para acesso gratuito

The few passages in Spinoza’s work in which he focuses on the concept of human law have not received as much scholarly attention as passages focused on other themes, but they have still been very well examined, as evidenced by, for example, the collection edited by André Campos in 2015, which brought together 21 articles written between 1948 and 2010.It is true that most of these studies do not directly aim to determine whether Spinoza adopts a normative conception of human law in the political-legal field or, if he does adopt such a conception, what the conditions under which he could do so could be, given the logical-causal necessitarianism and naturalism of his metaphysics, explicitly reaffirmed in paragraph 3 of Chapter IV of the TTP. However, this problem is unavoidable, and it is precisely to this matter that I would like to contribute, in a rather modest way, by examining the answer that Spinoza himself offers in the passage just cited.

2021
Levy, L.  2021.  Spinoza on Ideas of Affections. Yitzhak Y. Melamed (org). A Companion to Spinoza. : Wiley–Blackwell Abstract

This chapter argues that the Ethics includes versions of the views about sensation and its role in the production of knowledge that are present in the TIE and the KV. ‘Idea of an affection’ replaces the earlier terms for sensation. A sensation is a modification of the mind closely associated with a modification of body and explained in terms of the mind-body relation. In the KV, Spinoza continues to treat sensation as the immediate perception of corporeal modification and continues to take the inference from sensation to the union of mind and body as a valid one. The KV is the earliest source of Spinoza's view that the idea-object model accounts for the mind-body relation. The only occurrence of sensatio in the CM might seem to tell against an account of sensation as something different from imagination. Accounts of reason and imagination in the Ethics considerably advance Spinoza's theory of knowledge.

2020
Levy, L, Évora FRR, Marques TR.  2020.  A percepção sensível segundo a Dióptrica de Descartes. A Filosofia Moderna e suas bases. , Campinas: IFCH-UNICAMP Abstractlevy_percepccao_descartes.pdf

O capítulo pretende apresentar a primeira parte de uma análise da teoria cartesiana da percepção sensível na Dióptrica, inserindo-as, tanto quanto possível, no contexto do debate sobre esses temas em na primeira metade do século XVII. Neste texto, ressalto os pontos de contato entre essa teoria e a ótica de Kepler, cuja influência na dióptrica cartesiana é manifesta, mas também em que sentindo ela propicia uma resposta à ótica de Christoph Scheiner, matemático jesuíta que promove uma reforma na concepção tomista da percepção sensível para acomodar as teses da ótica de Kepler, sem, todavia, abandonar os conceitos de similitude e de species.

2019
Levy, L.  2019.  Affectio et Affectus : Commentaires sur l’unité architectonique de l’Éthique. Chantal Jaquet (orgs). La Générosité à l’œuvre. Hommage à Jean-Marie Beyssade. , Paris: Classiques Garnier Abstract

Cet article vise à placer les rapports entre affectio et affectus au centre de l ’unité architectonique de l'Éthique. La définition d’affectus permet de connaître la vraie nature de l ’affection, montrant que ce concept ne peut pas signifier un état mais doit désigner une disposition, ou une variation de la puissance. Ainsi le couple affectio/affectus articule toutes les parties de l ’Éthique, en régissant non seulement la construction du problème éthique, mais aussi sa solution chez Spinoza.

2018
Levy, L.  2018.  Il concetto cartesiano di attributo principale. Giornale Critico di Storia delle Idee. 1:2018. AbstractLink para acesso gratuito

Versão a convite de um artigo homônimo para o italiano.

In 1995 the publication of Marleen Rozemond’s paper Descartes’s Case for Dualism has triggered the revival of the discussion on his argument in favor of the real distinction between body and soul among the Anglo-Saxon scholars. In particular the discussion then resumed was on the necessity of introducing a hidden premise (the so called the attribute premise) in order to regain its probatory character. This debate has reflected on the Cartesian studies in Brazil and my objective in this text is to bring to the debate two texts still unexplored related to this interpretative problem. My hypothesis is that the attempts to justify the thesis that the substance has exactly one principal attribute have not yet better succeeded because they underestimated the contribution brought about by the transformation of the notion of nature entailed by the introduction of the concept of principal attribute. Understanding the Cartesian proof of substantial dualism, and more particularly the “attribute premise”, would involve, I suggest, the thesis according to which the concept of principal attribute, insofar as it expresses the essence of the substance, is not – and cannot be – according to Descartes, an abstract universal, but rather a particular nature

2017
Levy, L.  2017.  Notas sobre o conceito de atenção em Descartes. Modernos e Contemporâneos. 1(2):46-56. AbstractLink para acesso gratuito

Este artigo busca evidenciar as vantagens exegéticas de um estudo mais amplo sobre o conceito de atenção na filosofia de Descartes e avançar preliminarmente algumas hipóteses sobre seu sentido e função. Mais precisamente, sugere-se uma aproximação dos conceitos de atenção e tempo, de modo que a primeira se definiria - não como uma experiência subjetiva incomunicável, ou como uma qualidade dessa experiência-, mas em relação ao conceito cartesiano de duração, tanto em sua conexão com a mente humana quanto independentemente dessa conexão. A atenção não designaria primariamente um estado psicológico disposicional (que disporia a mente ao conhecimento). Ao contrário, o conceito de atenção poderia assumir esse sentido derivado apenas na medida em que é concebido como uma certa configuração da existência da alma, a qual é propriamente uma duração temporal.

Levy, L.  2017.  “Causa Conscientiae” in Spinoza's Ethics. Spinoza's ‘Ethics'. A Critical Guide. (Melamed, Yitzhak Y., Ed.).:187–204., Cambridge: Cambridge University Press Abstract

In this chapter, I assess Spinoza’s explanation of his definition of desire at the end of the third part of the Ethics, wherein we find a peculiar expression: “causa conscientiae,” “the cause of consciousness” (E3deffaff1). Surprisingly, this phrase has not been taken into much consideration in the recent revival of interest in Spinoza’s view of this aspect of human experience.2 A careful study of this text will shed some fresh light on Spinoza’s general discussion of consciousness and provide a new answer to the question of why, according to Spinoza, philosophy ought not to start with the indubitable act of thinking of a self-conscious subject.3 This new answer, which differs from the usual – and also undoubtedly correct – one, makes no use of Spinoza’s conception of the true order of understanding, and therefore that of true philosophy, but relies rather on the sense and limits of the conception of consciousness that can be apprehended from the analysis of this passage.

2013
Levy, L.  2013.  Conhecimento humano e a ideia de afecção na Ética de Espinosa. Analytica. 17(2):221-247. AbstractVer artigo

A tese de que o conceito espinosista de ideia de afecção, introduzido na Ética, expressa o sentido mais preciso do que seja, para o autor, o conceito de ideia da imaginação. Este texto pretende problematizar essa leitura, procurando fornecer subsídios para a hipótese de que ela não é nem inequivocamente corroborada pelo texto da Ética, nem exigida pela doutrina aí apresentada.

2012
Levy, L.  2012.  Duas traduções e um argumento - o 'sonho' do livre arbítrio segundo Espinosa. Ética, política e esclarecimento público: ensaios em homenagem a Nelson Boeira. (Fonseca, A. C. da Costa, Pohlmann, E. A, Goldmeier, G., Eds.).:257–278., Porto Alegre: Bestiário Abstractduas_traducoes_e_um_argumento_o_sonho_do.pdf

Um argumento esquecido em um verdadeiro arsenal de guerra que Espinosa se dedicou a reunir contra o que considerava um dos maiores, senão o maior, empecilho para que os homens alcançassem a verdadeira felicidade, a saber, o falso conceito que possuem da liberdade humana quando a tomam por uma liberdade de arbítrio, contrária a toda e qualquer necessidade. Argumento forjado, certamente, com boa dose de ironia e ânimo polemista contra um objetor que se diz defensor do cartesianismo, e, portanto, em certa medida contra Descartes. Apresentar um argumento que envolva a referência a situações oníricas contra a concepção cartesiana de liberdade como poder dos contrários é, certamente, pretender fazer o feitiço virar contra o feiticeiro. No entanto, para além desse encanto particular e quase anedótico, creio que esse argumento contribui com um bom ponto à inesgotável discussão sobre a natureza da liberdade, debate caro às inquietações filosóficas do nosso querido amigo. Ponto para cuja elucidação espero poder contar com sua ajuda, pois, como se poderá ver na sequência, minha compreensão do argumento é ainda bastante preliminar. Duas traduções porque as cartas onde esse argumento muito provavelmente surgiu pela primeira vez não contam ainda, até onde eu saiba, com uma tradução para a língua portuguesa que permita um acesso mais fácil ao pensamento do filósofo. Legitima preocupação pedagógica, uma entre muitas que caracterizam o professo Boeira.

Levy, L.  2012.  "Espinosa não sabia lógica". Liberdade sem contingência? Metafísica, lógica e outras coisas mais. (Pereira, Luiz Carlos, Zingano, Marco, Levy, Lia, Eds.)., Rio de Janeiro: Nau Editora Abstract

Há mais de dez anos o prof. Luiz Henrique tornou público, com seu conhecido estilo, o diagnóstico que me havia formulado pessoalmente: a principal diferença entre as doutrinas de Espinosa e Leibniz sobre a liberdade consiste em que o primeiro, diferentemente do segundo, não sabia lógica. E, por isso, por mais que os estudiosos de Espinosa se dedicassem a defender sua teoria, todos esses esforços, por melhores e mais sofisticados que fossem, estariam fadados ao fracasso. De nada adiantaria expor de modo claro e preciso, como de fato vem sendo feito em excelentes livros e artigos, a sua ética e os conceitos que envolve. Nem mesmo o esclarecimento do sentido próprio e peculiar de suas opções metafísicas, de sua teoria dos afetos e de sua política, bem como do modo pelo qual todas essas teses e argumentos convergem para sustentar sua ética sem livre-arbítrio seria capaz de tornar aceitável a doutrina de Espinosa, visto que em sua base haveria uma recusa da realidade da contingência e dos futuros contingentes resultante de um “erro pueril” de lógica.
Tomei esse diagnóstico como uma provocação amistosa e como um desafio intelectual, e gostaria de aproveitar essa oportunidade para tentar responder, tomando como ponto de partida o extraordinário artigo de onde extraí a citação que abre este texto.

Pereira, LC, Zingano M, Levy L.  2012.  Metafísica, lógica e outras coisas mais. :328., Rio de Janeiro: Nau Editora Abstract

n/a

2011
Levy, L, Rocha E.  2011.  Estudos de Filosofia Moderna. Estudos de Filosofia Moderna. :69–80., Porto Alegre: Linus Editora Abstract

n/a

Levy, L.  2011.  O conceito cartesiano de atributo principal. Estudos de Filosofia Moderna. :69-80., Porto Alegre: Linus Editora Abstract

n/a

2010
Levy, L.  2010.  O dualismo cartesiano. Lições de história da filosofia. (Altmann, Sílvia, Wolf, Eduardo, Eds.).:86–109., Porto Alegre: Secretaria Municipal de Cultura / IELLiaLevy_o_dualismo_cartesiano.pdf
2009
Levy, L.  2009.  Les rapports entre l esprit et le corps dans la proposition 23 de la seconde partie de l Éthique. La théorie spinoziste des rapports corps/esprit et ses usages actuels. , Paris: Editions Hermann Abstract

L'article essaye d'avancer l'hypothèse selon laquelle la distinction entre les conceptions cartesienne et spinoziste des rapports esprit/corps se situe dans le niveau plus profond des différents diagnostiques que ces doctrines supposent concernant les conditions d'emergence du probleme éthique por l'être humain.

Levy, L.  2009.  A recusa da definição de homem como animal racional na Segunda Meditação (1a Parte). Analytica. 13(1):257–284., Number 1 AbstractVer artigo

Este artigo prolonga a análise do argumento apresentado por Descartes em favor da primeira certeza no início da Segunda Meditação, iniciada em um artigo anterior. É examinada a passagem subsequente ao referido argumento com vistas a estabelecer que sua compreensão aponta para um debate velado entre Descartes e seus leitores versa- dos na doutrina escolástica, mais particularmente nas concepções da definição como estruturada pela composição do gênero e da diferença e de específica e de conceito universal abstrato. Procuro mostrar que as razões que Des- cartes dispõe para recusar essas concepções podem ser extraídas de certa interpretação do argumento em favor da certeza da proposição eu existo e que essa recusa é imprescindível para a compreensão adequada do penso, logo existo e, portanto, de seu argumento em favor do dualismo.

Levy, L.  2009.  A recusa da definição de homem como animal racional na Segunda Meditação (2a Parte). Analytica. 13(2):149–179., Number 2 AbstractVer artigo

Este artigo prolonga a análise do argumento apresentado por Descartes em favor da primeira certeza no início da Segunda Meditação, iniciada em um artigo anterior. É examinada a passagem subsequente ao referido argumento com vistas a estabelecer que sua compreensão aponta para um debate velado entre Descartes e seus leitores versa- dos na doutrina escolástica, mais particularmente nas concepções da definição como estruturada pela composição do gênero e da diferença e de específica e de conceito universal abstrato. Procuro mostrar que as razões que Des- cartes dispõe para recusar essas concepções podem ser extraídas de certa interpretação do argumento em favor da certeza da proposição eu existo e que essa recusa é imprescindível para a compreensão adequada do penso, logo existo e, portanto, de seu argumento em favor do dualismo.

2008
Levy, L.  2008.  Afetividade e fluxo de consciência: uma hipótese de inspiração espinosista. Cadernos de História e Filosofia da Ciência. 18(1):121–146. AbstractVer artigo

O artigo apresenta uma concepção do fluxo de consciência a partir de um modelo de naturalização da consciência de base metafísica não-materialista, inspirado na filosofia de Espinosa. Procura-se responder à questão colocada por Arthur Prior, em seu artigo ?Thank Goodness That?s Over? (1959), acerca do caráter problemático do significado de um certo tipo de proposições indexadas temporalmente no quadro de teorias que recusam a realidade do tempo. Para tanto, defende-se a hipótese de que essas proposições são irredutíveis a proposições não temporalizadas, seu sentido sendo determinado pelo caráter adverbial dos indexadores temporais e pela função de expressar estados subjetivos referencialmente opacos (aproximados no texto ao conceito espinosista de afeto). Essa função, por sua vez, seria determinante para a constituição do mental enquanto tal e para a realidade do domínio prático.

2004
Levy, L.  2004.  Ainda o cogito: uma reconstrução do argumento da Segunda Meditação. Lógica e Ontologia. Ensaios em Homenagem a Balthazar Barbosa Filho. (Zingano, Marco, Évora;, Fátima, Faria, Paulo, Loparic, Andrea, Santos, Luiz Henrique Lopes dos, Eds.).:209–232., São Paulo: Discurso Editorial Abstract

Meu objetivo neste texto é simplesmente analisar o quarto parágrafo da Segunda Meditação (AT VII, 24-25; IX-1,19), no qual ele supostamente apresenta este mesmo argumento sem empregar a famosa expressão. Das muitas, diversas e relevantes questões filosóficas que este argumento suscita, gostaria de me concentrar em investigar se ele pode ser reconstruído sem que seja necessário introduzir – como uma premissa não justificada – a concepção do pensamento como sendo essencialmente consciência de si e, portanto, como envolvendo - por definição, a auto-referência imediata e incorrigível do sujeito a si mesmo. Gostaria de poder mostrar que o argumento não apenas independe dessa concepção como, além disso, conduz a essa concepção; todavia, somente o primeiro passo em direção a esta interpretação será dado neste artigo.

Levy, L.  2004.  {Espinosa: Conatus e a Geometria dos Afetos}. Freud e seus Filósofos. (Sociedade Brasileira de Psicanálise, Ed.).:185–201., Porto Alegre: SBP-PA Abstract
n/a
2000
Levy, L.  2000.  9 de fevereiro de 1645. Os "novos" rumos da concepção cartesiana da liberdade. Discurso. 31:201–227. AbstractWebsite

Este artigo apresenta a maneira pela qual atualmente compreendo um dos pontos mais controverso: da doutrina cartesiana, a saber, sua concepção de liberdade. Meu interesse nas concepções cartesianas de vontade e de liberdade é exclusivamente epistêmico, e não prático; ou melhor, trata-se de pensar esses conceitos, bem como sua relação a partir do ponto de vista estrito do problema do conhecimento, embora - aparentemente - o próprio Descartes não acreditasse que tal separação fosse possível. Através da análise das relações entre entendimento, vontade e liberdade, procuro mostrar que a razão que leva Descartes a enfatizar a distinção entre antes e durante o momento da decisão da vontade na carta de 9 de fevereiro de 1645 ao Padre Mesland reside precisamente na consideração de que a concepção da liberdade humana deve associar às condições de aplicação do conceito formal de liberdade as condições específicas de seu exercício no caso do espírito humano, enquanto substância finita criada inserida na temporalidade. A análise das condições do exercício da liberdade humana, por sua vez, pode explicar a introdução de um tipo peculiar de necessidade epistêmica associada à percepção de conteúdos fictícios e que gera o problema do qual trata a Quinta Meditação, e cujo exame conduziu-me a investigar concepção cartesiana de liberdade.