MAUP: Problema das Unidades de Área Modificáveis

Modifiable Areal Unit Problem (MAUP) - Problema das Unidades de Área Modificáveis

Este é o tema central do Capítulo 3 - A regionalização consistente com o planejamento do desenvolvimento territorial endógeno do livro Fundamentos da Análise e do Planejamento de Economias Regionais de Carlos Paiva (2013) - https://professor.ufrgs.br/dagnino/files/paiva_2013_fundamentos_da_analise_e_do_planejamento_1.pdf.

O autor desenvolve o tema da falácia ecológica e da falácia a partir do trabalho de Openshaw e Taylor (1979) "A million or so correlation coefficients: three experiments on the modifiable areal unit problem. In: WRIGLEY, N. (org.) Statistical Applications in the Spatial Sciences. London: Pion Limited" cujo subtítulo dá origem ao termo MAUP:

“Em homenagem a este trabalho, a partir dos anos 80 do século passado, todos os vieses potencialmente impostos pelo padrão de regionalização sobre as estatísticas espaciais passaram a ser tratados como distintas manifestações do “MAUP”, sigla criada com base no subtítulo do trabalho de Openshaw e Taylor (1979)” (PAIVA, 2013, p. 52)

Fundamentos da Análise e do Planejamento de Economias Regionais. Foz do Iguaçu: Editora Parque Itaipu, 2013. https://professor.ufrgs.br/dagnino/files/paiva_2013_fundamentos_da_analise_e_do_planejamento

Segundo Paiva (2013, p. 50):

Buscando avaliar o impacto da regionalização adotada sobre os resultados estatísticos, os autores [Openshaw e Taylor (1979)] montaram um programa que gerava todas as possibilidades de agregação dos 99 condados em um mínimo de 6 e em um máximo de 72 áreas e calcularam as correlações entre o percentual da população idosa e o percentual de voto republicano. Como seria de se esperar, as correlações variam a depender do padrão de agregação das áreas. Mas o grau de variação superou todas as expectativas.

Na realidade, os resultados encontrados por Openshaw e Taylor demonstram que a mesma base de dados submetida a distintos padrões de agrupamento territorial geram resultados antagônicos. Se os 99 condados são reunidos em apenas 6 zonas (contíguas ou não) as correlações chegam a flutuar entre um mínimo de -0,999 e um máximo de 0,999. Em suma: basta regionalizar “bem” para obter o resultado que mais convém.

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Diferença entre as falácias escalar e ecológica (PAIVA, 2013, p. 52):

Falácia Escalar: viés imposto por fazer inferências para a parte com base nas estatísticas do todo. 

Falácia Ecológica: viés imposto pela agregação de áreas inconsistentes (essencialmente heterogêneas)

Ainda de acordo com Paiva (2013, p. 55-56):

A distinção entre falácia escalar e falácia ecológica pressupõe a distinção entre macrorregiões (agregações de regiões menores) consistentes e inconsistentes. E, de forma ainda mais geral, a própria categoria “falácia” pressupõe a possibilidade de hierarquizar informações estatísticas espacializadas por sua adequação à realidade e/ou capacidade de traduzir alguma “essência” ou “verdade” territorial. 

Para ilustrar, Paiva apresenta um gráfico muito didático baseado no trabalho desenvolvido por Peres de Ávila e Monasterio (2006, 2009): Efeito de Distintas Regionalizações de um mesmo Território Sobre os indicadores de Distribuição Espacial dos Equipamentos (PAIVA, 2013, p. 50).

Gráfico de Paiva (2013, p. 50) - clique para abrir

Referências

PERES DE ÁVILA, R.; MONASTERIO, L. (2009). O MAUP e a Análise Espacial: um estudo de caso para o Rio Grande do Sul (1991-2000). Análise Econômica, 26(49). https://doi.org/10.22456/2176-5456.1115

ÁVILA, R. e MONASTERIO, L. (2006) “O MAUP e a Análise Espacial: um estudo de caso para o Rio Grande do Sul (1991-2000). In: Anais do Terceiro Encontro de Economia Gaúcha. Porto Alegre: FEE / PUC-RS. Disponível no site da FEE em: http://www.fee.tche.br/3eeg/Artigos/m23t01.pdf

PAIVA, Carlos. Fundamentos da Análise e do Planejamento de Economias Regionais. Foz do Iguaçu: Editora Parque Itaipu, 2013. https://professor.ufrgs.br/dagnino/files/paiva_2013_fundamentos_da_analise_e_do_planejamento_1.pdf (também disponível em: https://territoriopaiva.com.br/producao-teorica/livros e https://paradoxoconsultoria.com.br/Arquivos/59b89ac32af741d5c78859c5eb5f102a.pdf

OPENSHAW, S. and TAYLOR, P. J. (1979). A million or so correlation coefficients: three experiments on the modifiable areal unit problem. In: WRIGLEY, N. (org.) Statistical Applications in the Spatial Sciences. London: Pion Limited.