Proposta de reforma do ensino superior da Academia Brasileira de Ciências (2004)

O que diz a Academia Brasileira de Ciências (2004)

Ricardo Dagnino - 2019

Em 2004, um grupo de cientistas de diversas áreas, ligados à Academia Brasileira de Ciências reuniram-se para redigir o documento que ficou conhecido como "Subsídios para a reforma do ensino superior" (CHAVES et al., 2004). Nesse documento foi defendida a ideia de reformulação do ensino superior com base na ideia de interdisciplinaridade.

A equipe também elaborou uma apresentação (CHAVES, 2004b) que foi apresentada na  Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes): 

Figura 1: Capa da apresentação
Fonte: Chaves (2004b)

Figura 2: Novos paradigmas curriculares para o desenvolvimento e inclusão social: Slide 3
Fonte: Chaves (2004b)

Os cientistas partem de algumas constatações como a seguinte, que contribuíram para consolidar o que chama de "Manifesto de Angra":

"A principal função da universidade continua sendo a formação de pessoal. Cumpri-la a contento, frente ao crescimento explosivo da inovação tecnológica e ao caráter cada vez mais interdisciplinar dos avanços no conhecimento, requer uma revisão profunda das metodologias tradicionais de ensino." (CHAVES et al., 2004a, p. 3)

A defesa pela interdisciplinaridade fica evidente quando menciona:

"A formação mais especializada pode tornar-se rapidamente obsoleta. O profissional com formação mais científica e interdisciplinar se adapta facilmente a mercados de trabalho altamente instáveis." (CHAVES et al., 2004a, p. 13)

Por fim a proposta pode ser resumida no item "Uma proposta para o Brasil: ingresso por três grandes áreas, e cursos compostos de ciclos curtos" (CHAVES et al., 2004a, p. 14) onde se lê:

"Propomos que os cursos universitários sejam compostos de ciclos de curta duração. A duração de cada ciclo deverá levar em consideração e respeitar a especificidade de cada área de conhecimento. É salutar que haja uma diversidade de modelos e flexibilidade na implementação dessa política. Os alunos serão selecionados para ingresso em uma de três grandes áreas, Ciências Básicas e Engenharia (CBE), Ciências da Vida (CV) e Humanidades, Artes e Ciências Sociais (HACS), sem terem de declarar sua opção preliminar de carreira. Haverá um Ciclo Básico comum para cada grande área, que visará o domínio de fundamentos gerais e seminais da grande área e terá abrangência interdisciplinar."

Referências:

CHAVES, A. S.; FILHO, C. A. A. de C.; BARRETO, F. C. de S.; VELHO, G. C. A.; JORNADA, J. A. H da.; BEVILACQUA, L.; DAVIDOVCH, L.; NUSSENZVEI, M.; GATTASS, R. Subsídios para a reforma do ensino superior. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 2004a. 40 p.

Disponível em: https://professor.ufrgs.br/dagnino/files/abc_2004_reforma_da_educacao_superior_texto.pdf

Originalmente em: 
www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-29.pdf
Também disponível: http://flacso.org.br/?publication=subsidios-para-a-reforma-da-educacao-superior

CHAVES, A. S.; FILHO, C. A. A. de C.; BARRETO, F. C. de S.; VELHO, G. C. A.; JORNADA, J. A. H da.; BEVILACQUA, L.; DAVIDOVCH, L.; NUSSENZVEI, M.; GATTASS, R. Subsídios para a reforma do ensino superior - Apresentação. Brasília: Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes), 2004b. 40 p.


http://www.andifes.org.br/wp-content/files_flutter/Reforma_Universitaria_001_Reforma_da_Educacao_Superior.pdf

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Este material pertence à compilação sobre Interdisciplinaridade: https://professor.ufrgs.br/dagnino/book/interdisciplinaridade