O externalismo semântico (a tese segundo a qual valores semânticos são, ao menos parcialmente, constituídos pelas relações não-representacionais dos usuários da linguagem com seu ambiente natural e social) é apresentado aqui em perspectiva histórica. Na reconstrução proposta, a genealogia da tese exposta e defendida por Hilary Putnam no clássico 'The meaning of "meaning"' (1975) remonta à filosofia da linguagem de Bertrand Russell nos anos 1903-1914 (em particular, à concepção russelliana da semântica dos termos singulares). A tese foi então gradualmente articulada na crítica à compreensão dita 'descritivista' da referência que emergiu da obra pioneira de Ruth Barcan Marcus em lógica modal quantificada e foi sistematizada por filósofos como Keith Donnellan, David Kaplan e, sobretudo, Saul A. Kripke. A este último, em particular, deve-se a introdução da noção de designação rígida que, estendida aos designadores de espécies naturais, abriria o caminho, finalmente, para a formulação madura do externalismo semântico no 'locus classicus' de Putnam.
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