Descrição: O presente visa a avaliar criticamente os principais argumentos que foram apresentados na literatura filosófica dos últimos trinta anos contra o temporalismo (a tese segundo a qual há proposições temporais: proposições completas cujo valor de verdade varia com o tempo), com vistas a articular os elementos de uma semântica temporalista que, à maneira de Prior e Kaplan, trate os operandos dos operadores temporais como proposições completas temporalmente neutras, sem para isso abraçar uma ontologia presentista. Com vistas a esse objetivo, será preciso identificar e isolar, nos argumentos contra o temporalismo, as considerações de natureza lógico-semântica daquelas que dependem de suposições metafísicas inarticuladas sobre tempo ou modalidade. A identificação dessas suposições requererá um exame detido dos argumentos em favor do paralelismo tempos/mundos - em particular, os argumentos em favor do tratamento uniforme de operadores temporais e modais como quantificadores cujos domínios de variação são constituídos, num caso, por instantes ou intervalos de tempo, no outro, por mundos possíveis. Por fim, será preciso acertar contas com as dificuldades que estão envolvidas em explicar como proposições temporais podem ser objeto de atitudes proposicionais, articulando para isso uma teoria sistemática das condições de constituição, retenção, reiteração e modificação (em suma, uma dinâmica cognitiva) de conteúdos temporalmente neutros.