Banca de Mestrado Sandro Gonzaga
A dissertação de Sandro Gonzaga pretende discutir o papel das minisséries veiculadas pela Rede Globo de Televisão na formação de uma cultura histórica, ou uma “imagem do passado”, através de um caso, a minissérie Anos Rebeldes (1992), escrita por Gilberto Braga.
A apresentação da minissérie está muito bem feita, bem como o histórico da Rede Globo.
Entre as observações que fiz na banca e que procuro reproduzir agora estão:
1. Há que ter um cuidado especial em diferenciar a utilização da minissérie como fonte de sua utilização como objeto de análise. Como fonte, a minissérie não tem muito a dizer sobre a ditadura civil-militar que se implantou no Brasil após 1964. Por tratar-se de uma obra de ficção, é aconselhável que ela não se constitua em fonte de informação para o historiador. Para tanto, existem outras fontes disponíveis, tais como documentos oficiais, depoimentos etc. A minissérie produzida em 1992 nos informa muito mais sobre o período em que foi escrita do que o período que ela pretendia representar na trama. Como objeto, a minissérie pode informar a visão que Gilberto Braga e a Rede Globo queriam passar da ditadura;
2. Fez falta um estudo sobre Gilberto Braga, o autor da trama, com sua trajetória dentro da televisão brasileira e também as entrevistas. Instei o autor, Sandro Gonzaga, a tentar esse caminho no doutorado, inclusive fazendo uma entrevista com Braga;
3. Por último, considerei mais adequado usar a ideia de adaptação da Rede Globo aos novos tempos, através da veiculação de uma minissérie que condenava a ditadura, do que a noção de influência ou incitação dos jovens a participação no movimento “fora Collor”.